Estudo revela que progressistas são mais ricos, menos religiosos e formam grupo mais isolado da sociedade brasileira

Mário Flávio - 13.10.2025 às 06:50h

Uma pesquisa realizada pelo think tank More in Common, em parceria com o instituto Quaest, traçou um retrato detalhado da polarização política no Brasil. O estudo, intitulado “Populismo e progressismo no Brasil polarizado”, ouviu 10 mil brasileiros de todas as regiões do país, que responderam a mais de 150 perguntas sobre comportamento social e político. O objetivo foi compreender como se dividem as opiniões e valores entre diferentes grupos ideológicos.

Os resultados mostram que os progressistas militantes, que representam apenas 5% da população, formam o grupo mais isolado social e ideologicamente. Segundo os pesquisadores, esse distanciamento pode estar contribuindo para o fortalecimento do populismo de direita.

O perfil

De acordo com o levantamento, 53% dos progressistas têm ensino superior, 37% possuem renda mensal acima de R$ 10 mil, 41% se declaram não religiosos e 57% são brancos. A maioria se identifica como progressista (78%), sendo 39% simpatizantes do PT e 16% do PSOL.

Enquanto boa parte da população brasileira dá mais importância a família e fé, os progressistas colocam como prioridade temas ligados à justiça social e ao combate às opressões de raça e gênero.

As opiniões desse grupo destoam fortemente do restante da sociedade. Apenas 30% acreditam que menores infratores devem ser presos — índice que chega a 100% em outros segmentos — e só 5% concordam com a ideia de que “direitos humanos atrapalham o combate ao crime”. Menos de 10% rejeitam as cotas universitárias, e a confiança em instituições como a Igreja e as Forças Armadas fica abaixo de 20%, bem menor do que os cerca de 50% registrados entre os demais grupos.

O isolamento que alimenta o populismo

Para o pesquisador Pablo Ortellado, o isolamento ideológico e social dos progressistas acaba servindo de combustível para o populismo cultural da direita. Segundo ele, “o bolsonarismo se apoia na ideia de que a esquerda é uma elite que tenta impor seus valores — e o fato de o progressismo ser mais rico e escolarizado dá base a esse discurso”.

Mapeamento ideológico

Além dos progressistas militantes, o estudo identificou outros cinco grupos ideológicos com perfis distintos:
• Esquerda tradicional (14%);
• Desengajados (27%);
• Cautelosos (27%);
• Conservadores tradicionais (21%);
• Patriotas indignados (6%).

A pesquisa aponta ainda que a maioria da população (54%) é composta pelos Desengajados e Cautelosos, pessoas que não se identificam fortemente com nenhum dos polos e permanecem fora da polarização entre Lula e Bolsonaro.